Diagnótico Etnográfico I



A escola Onélia Campelo possui uma particular preocupação com a postura e o comportamento do aluno em sala de aula, ao conversar com o coordenador da instituição, pude perceber que temas como o bullying e violência na escola tem uma especial atenção em seu regimento. Dentre os tantos desafios que cercam o colégio e vão além de sua estrutura física, se destaca a falta de interesse por boa parte dos alunos, deficiência no número de pessoal que realiza a limpeza da escola, insuficiência de bancas e cadeiras devido a super lotação dos alunos do ensino fundamental II, faltas injustificadas de alguns professores, assim como a dificuldade de manutenção das áreas verdes  do colégio e, infelizmente, a ocorrência de drogas trazidas pelos próprios alunos, fazendo com que direção e coordenação adotem algumas medidas de precaução. Ademais, irei retratar agora alguns pontos em específico, e a maneira como a escola tenta lidar com cada uma dessas situações.

  • ESTRUTURA FÍSICA:
A escola possui uma estrutura física muito admirável, arrisco-me a dizer que poucas escolas particulares compartilhariam de tanto espaço disponível, subdividida em salas de aula tanto no primeiro, quanto no segundo andar. No inferior, além do pátio das salas de aulas temos espaço pras dependências dos professores, coordenação e direção separadamente, bem como a cozinha e a cantina e em anexo, quadra de esportes. No segundo andar ficam as salas do ensino médio e os laboratórios ciências, e informática.

Quanto a estrutura cabem algumas observações.
 
A sala dos professores apesar de conseguir comportar todos eles, o faz com dificuldade, cerca de 60 professores, com armários também insuficiente para todos, acabam se utilizando também da sala de coordenação que fica aberta a todos eles ( inclusive a nós do PIBID e alguns estagiários, pelo espaço na sala de professores ser falto). Contudo, entre eles se percebe um clima de compartilhamento muito agradável, alguns deles bem abertos a nos acolher, dividem conosco suas dificuldades do dia a dia.

Há também deficiência no quadro do pessoal de limpeza do colégio, apenas com uma pessoa por turno para organizar e limpar um colégio de tão grande, acabando por deixar os banheiros em deficiência. Não bastasse a própria falta de estrutura neles ( cabines sem porta, pia sem sabão e até mesmo sem torneira, vasos sanitários com vazamento) o mal cheiro e a falta de higiene é terrível. Ouso a dizer que não me atreveria a usá-los. Segundo o próprio coordenador, além de não haver pessoal suficiente para a limpeza, os alunos também não cooperam em fazer com que permaneçam limpos.

Outro ponto com destaque, é a falta de bancas e cadeiras suficientes para todos os alunos, ali, as cadeiras funcionam em rotatividade. O que se falta numa sala vamos buscando em outra, que falta nesta posteriormente, e precisamos buscar mais bancas e cadeiras numa terceira. A carência de bancas costumam atrasar o início de algumas aulas, pela necessidade dessa busca que os alunos fazem de sala por sala.

A cantina e a cozinha, por outro lado, são bem equipadas e organizadas. O laboratórios de ciências possuem instrumentos e alguns equipamentos relevantes ( lâminas e utensilios que podem ser vistos pelo microscópio), a manutenção e limpeza desses, porém, é feita pelos próprios professores, e ainda assim com certa dificuldade. Já o laboratório de informática, é praticamente inutilizado, devido a falta de internet e também de computadores suficientes.

  • RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Como até já foi citado anteriormente, a relação entre coordenação, professores, alunos e os funcionários em geral, parece-me de tom bem amigável. Um dos professores nos disse que entre eles há uma tentativa de se ajudar ao máximo. Além do núcleo que trabalha no colégio em si, também identificamos que há relações com alguns grupos esportivos e de igrejas. Como exemplo podemos o movimento Encontro de Jovens com Cristo (EJC), que utilizam o espaço do colégio para fazer seu encontro ao menos uma vez por ano e, em troca, realizam algumas atividades periodicamente na escola, como capinar as áreas verdes, que é uma dificuldade para a escola. A associação de moradores também é fator de bastante presença nessa relação.

  • CULTURA, ESPORTE E LAZER 
Em relação a cultura e lazer, o coordenador dividiu conosco a grande dificuldade que é levar os aluno a algo novo, por falta de meios de locomoção que só são disponibilizados pelo o estado depois de bastante burocracia e às vezes nem assim, atividades como visitas a museus, parques municipais e etc. ficam, neste quesito, bastante restritas. A escola também é situada em um bairro sem muitas opções de lazer gratuitas, como quadra de esporte pública ou praças. Apesar disso, pudemos ver que um dos professores de educação física tenta inserir os alunos em algumas práticas esportivas no pouco tempo que tem com eles na quadra de esportes da escola, também existe um grupo de alunos que se reúnem em dado dia da semana para ensaiar coreografias afim de apresentá-las quando for oportuno. 

Mesmo com dificuldade vemos que a escola se preocupa com a tentativa de trazer novos horizonte aos alunos, como fizeram com a criação de projetos literários que envolviam obras de escritores do nordeste e posteriormente, apenas com escritores alagoanos. 

  • CONCLUSÃO PESSOAL DIANTE DOS DADOS SUPRACITADOS
Venho agora me dar a liberdade de dizer que sim, apesar de encontrarmos no colégios várias dificuldades estruturais e sociais, a escola tem, como um todo, se utilizado de artifícios que possam amenizar efeitos que não sejam benéficos aos alunos, e é fato, que com toda essa pesquisa, pude ver que a escola vai além de apenas um lugar que precise de estrutura física agradável, e minimamente digna aos alunos. Para além de pensar em seu intelecto, em seu aprendizado, e na desafio de superar a falta de interesse por alguns, é preciso enxergar a escola com um meio e um lugar comum, que os ensinem a respeitar e serem respeitados, os dê liberdade ao passo que também os formem com  responsabilidade. Querendo ou não, podemos acabar sendo fruto do meio em que vivemos e assim, termino meu diagnóstico deixando clara a minha percepção do quanto é difícil e burocrática a máquina escolar pública e do quanto esse meninos merecem ser melhor enxergados, e os professores mais valorizados por tamanho esforço e jogo de cintura que fazem afim de garantir o mínimo.

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